Viagem através do tempo, o Transiberiano é desde há mais de um século o simbolo do extremo: territórios inacessíveis, frios intensos, histórias trágicas.
É também a viagem absoluta, onde, dia após dia, a paisagem desvenda as mais belas cidades da Rússia, da Sibéria, da Mongólia, da China.
Os fusos horários sucedem-se, 5 só na Rússia, as planícies estendem-se até ao infinito, as montanhas elevam-se até ao céu, correm os rios cor safira e abrem-se aos nossos olhos a extraordinária beleza do lago Baikal.
Inferno e paraiso ao mesmo tempo, Sibéria é selvagem e misteriosa, com extensas planícies, bosques impenetráveis, gelo eterno. Esta terra inóspita fascinou sempre a russos e a estrangeiros, importantíssima zona de comércio com a Ásia, o seu imenso território era sulcado pelas rotas do chá, da seda e das peles.
Em 1857, Nikolai Muraviev-Armurski, governador-geral da Sibéria, lança a primeira ideia de construção de uma linha-férrea entre Moscovo e a Sibéria. Haverá que esperar até 1891 para que o projecto seja realizado.
Segundo os desejos do Czar Alexjandre III, a primeira pedra foi posta em Vladivostok a 31 de Maio. A 12 de Agosto de 1916 a linha foi definitivamente inaugurada. Entretanto foi construído o percurso através dos Urais, circundou-se o lago Baikal, construíram-se enormes pontes sobre os rios Obi, Yenisei e Armur.
Os 9289 km de extensão foram construídos ao ritmo de 1,6 a 4 km diários e trata-se da maior realização na história ferroviária.
O trajecto do Transiberiano é único até ás proximidades de Irkutsk e a partir daí divide-se em dois itinerários históricos: o que vai até à costa do Pacifico em Vladivostok, e o que, através da Mongólia, se dirige para a China chegando a Pequim.
Com a chegada do comboio cada estação anima-se, com os cais repeletos de " babushlas" vendendo todos os artigos imagináveis, desde os produtos típicos da gastronomia e artesanato locais, até às roupas e utensilios mais diversos. Ainda hoje o Transiberiano é uma artéria comercial de grande importância
Entre cada paragem, as mais belas paisagens desfilam diante dos nossos olhos, desde os bosques de Taiga, às estepes da Mongólia, pradarias que se estendem para além do horizonte, altas montanhas e o mágico Lago Baikal
A Mongólia é um dos territórios quase virgens do planeta, selvagem e praticamente intacto. A cavalo entre a Europa e a Ásia, entre a Rússia e China, continua a ser "terra incógnita" onde as distâncias se medem em galope de cavalo. Um reino de estepes livres e infinitas, onde as altas pastagens ondulam suavemente com o vento.
Povo de estírpe nómada, os mongóis, estão firmente aferrados ao seu território agreste e aos seus costumes e tradições: o habitual tradicional continua a ser tenda circular de feltro a "yurta" e o principal meio de locomoção o cavalo.